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Foto do escritorBárbara Leão de Carvalho

#day265 – até que a luz nos separe

Somos um e não sabemos. Parece que é preciso uma vida inteira para finalmente percebemos que sempre fomos de mãos dadas. Que lado-a-lado faz parte do nosso mundo. E que “companheiros” é pouco para definir a nossa proximidade.

A ignorância turva os sentidos. Não nos deixa ver que somos apenas o reflexo no outro. Que o espelho da vida se encarrega de nos mostrar o que há dentro. Recôndito. Guardado. Guarnecido de vida. Pronto a brotar do solo, da semente que nada vê e em tudo confia.

Até que a luz nos separe. Porque é a iluminação do que não vemos que faz desnecessário o espelho. Por isso quando crescemos tanta gente sai da nossa vida. Ou saímos nós. E nos aventuramos noutros reflexos, noutras paisagens.

Mas até lá, repito, somos um e não sabemos. Ou somos de mãos dadas e sabemos: que durante o caminho somos uns para os outros. Consciente ou inconscientemente. E que a vida se faz passo-a-passo entre os que amamos. Vale a pena escolher os espelhos. Não vão eles retratar quem já não somos mas insistimos ficar só a olhar para “verificar” que já passou.

Somos realidades mestiças, misturadas e metidas. Em toda a dimensão que aportamos. E somos grandes. Tão grandes quanto o leve amor que insistimos em carregar às costas. E depois carregamos no botão da sorte e passamos a saber que afinal a luz não separa. Apenas ilumina os medos que nos afastam e nos impedem de amar com intensidade essa mão-dada que nos saiu na lotaria. E que no meio da tamanha euforia de quem ganhou, é preciso garantir que não se perde e vai efectivamente levantar o prémio à loja. Sob pena de deixar passar ao lado o bónus de uma vida vendedora, cúmplice e tremendamente luminosa.

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